quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Um romance da nação.


  Um romance desenvolvido no período do Brasil colônia, Danação de Marcus Achiles tem uma história intrigante mesclando preconceitos, religião, crimes sexuais e o folclore brasileiro. O livro lançado pela editora Baraúna nos convida a mergulhar na história do paulista dom Diogo, uma personagem que renegou sua religião em troca de ouro, na tentativa de reverter à ingrata visita da falência em suas terras. O preço teve um alto custo, sua alma que a partir deste trato amargava uma grande perda, seu filho. Na fuga de suas lembranças embrenha na mata aparentemente sem rumo, com dois de seus escravos um homem e uma criança. Um conflito com índios em seu percurso rumo à vila de Taubaté o deixou na beira da morte. João seu escravo o salvou, em nome da gratidão por ter protegido Inácio seu filho da morte que os cercavam, quando poderia deixa-lo morrer e fugir na procura dum quilombo em busca sua liberdade. A partir daí inicia-se uma transformação no relacionamento dono/escravo, mas sempre deixando bem claro a posição que cada ocupava.  O “justiceiro” chegando a Taubaté depara com o resultado de um pecado, o amor proibido entre um padre e uma viúva, que gerou mortes misteriosas toda madrugada de sexta feira, da qual as autoridades locais culpavam os índios e os caçavam nas matas. Os inocentes pagavam com as suas vidas, por crimes cometidos por um ser que desafiava o imaginário de qualquer homem sensato. Diante de tais acontecimentos, Diogo descobriria a missão que fora incumbido de realizar em Taubaté. Acompanhado também pelo diabo, personificado como uma “criança de dentes pretos”, que deliciava com as matanças, injustiças, travava com paulista questionamentos sobre a bondade do Senhor, em que o apontava como grande “carrasco da humanidade”, alegando ser apenas o “coletor” das almas ambiciosas. Nesta narrativa percebemos realmente a batalha interna entre o “bem e o mal” da personagem principal e que se estende para os ambientes em que decorre o romance, questionando a fé e a razão. Outro ponto muito interessante é o resgate da cultura brasileira que o autor retrata, mesclando fantasia com sentimentos e pecados verdadeiramente humanos. As injustiças cometidas e a brutalidade nas ricas descrições das mortes provocam uma indignação no leitor que é saciado com a “justiça”, já encaminhando para o final de uma história ricamente costurada no mais autêntico tecido nacional.

Um comentário:

  1. Valeu pela resenha, Matos
    Vi pelo skoob que vc estava lendo o "Danação" e achei legal que tenha gostado. Fico feliz também que vc tenha visto que Danação tenta ir bem além de um mero livro de terror.
    Abraços
    Marcus Achiles

    ResponderExcluir